domingo, 12 de agosto de 2018

Volvo Ocean Race - Algo de novo estava para acontecer... (sobre a edição 2014-15)

Três anos depois da minha primeira experiência na Volvo Ocean Race, estava de novo ansioso pela chegada dos veleiros. Desde o pedido de acreditação de imprensa quase 8 meses antes, numa espécie de prólogo tive contacto com o “Azzam” da Abu Dhabi Ocean Racing Team em Cascais a 21 de Junho de 2014 (a equipa teve aqui a sua base de treinos instalada durante alguns meses). Na reportagem que fiz, estava presente o Skipper Ian Walker, membros da equipa que me mostraram o veleiro e as oficinas, tudo isto na véspera da sua largada para mais uma etapa de treino (link). 

Foi uma visita guiada ao Volvo Ocean 65 e introduziram-me ao que é o ambiente a bordo, desde as acomodações, um barco nada confortável, as camas com cintos de segurança, para não caírem com as manobras no mar, a zona em que o navegador está a estudar a melhor rota com instrumentos adequados para fazer o seu trabalho, com o OBR (On Board Reporter) relativamente perto de si. A parte alimentar é preparada pelo OBR em que tem mochilas numeradas, cada número corresponde a um dia, e no interior tem sacos de comida desidratada (à primeira vista parece serradura) em que mistura com água quente e faz uma papa para servir ao tripulante. Cada saco está devidamente identificado com o nome do tripulante, pois a equipa tem um nutricionista que estuda as necessidades de cada membro da tripulação.

O próprio OBR está encarregue das limpezas mais gerais do veleiro.

A missão primária do OBR não é nenhuma das que já falámos, mas sim de dar informação diária para a base em Alicante e para a equipa, com fotos, vídeos e texto, sobre o que se passa a bordo, com depoimentos do Skipper, da tripulação ou do navegador. Assim faz a ponte entre o que se vive a bordo e o mundo inteiro que está de olhos postos na equipa.

Ainda deu para uma foto pessoal ao leme do "Azzam".

Daí para a frente o acompanhamento das actividades preparatórias como da regata foram à distância, provocando alguma ânsia. 

Ânsia essa até ao dia em que abriram oficialmente as portas da Doca de Algés ao público. Desta vez a minha equipa favorita era o Abu Dhabi Ocean Racing e de facto mais uma vez a minha equipa foi a vendedora.

O dia de abertura das portas lá chegou, foi a 25 de Maio a cerimónia oficial.

Desfrutei daqueles dias em que se esperava pela chegada dos veleiros em actividades lúdicas de vários representantes de marcas, da Marinha Portuguesa, da própria organização da Volvo Ocean Race, os concertos, demonstrações de Free-Style de motos, “Gibbon Slacklines”, visita ao Boatyard que estavam a trabalhar nas velas do Team Vestas Wind, enfim desfrutar de tudo um pouco.

Conheci também a "Sailors for the Sea Portugal" uma ONG que luta pela sustentabilidade nos mares e oceanos, com acções de sensibilização para  crianças e acções de recolha de lixo no mar. Associação com a qual passámos a trabalhar mais de perto, principalmente na Certificação de "Clean Regattas" onde mantemos amizade.

A chegada estava a apontar para a noite de 27 de Maio, pela madrugada. A ideia era acordar pelas 02h00 e chegar a Algés com calma e embarcar pelas 03h30 para ir receber o primeiro veleiro. Para compensar o sono, deitei-me pelas 15h00 do dia anterior e o despertador toca pelas 02h00, às 02h20 estava na rua a dirigir-me para o carro quando recebo o SMS da organização para estar pelas 03h00 no Media Center, pois o ETA do Team Brunel era para as 04h00. Assim o fiz e assim que cheguei dei pela falta do meu colega João, liguei-lhe e disse: “Salta já da cama, tens que estar aqui às 03h00, falta pouco”, acho que nesse dia o carro dele tomou asas, mas que chegou a tempo de embarcar, ai isso chegou. A história é contada vezes sem conta entre amigos, quando nos recordamos do episódio.

Com todas as condições reunidas lá largamos de semirrígido pelo Tejo fora em direcção ao mar. Obviamente estava noite serrada, não via mesmo nada. Fui bem agasalhado. Mesmo sendo fim de Maio deduzi que àquela hora da noite estivesse muito frio no mar, e de facto estava, o gorro e a camisola térmica deram muito jeito…

Navegamos imenso, não sabia onde estava, até ver o farol do Bugio, passamos por ele e continuamos em direcção ao mar, e eu a pensar que íamos apanhar o Team Brunel aqui perto, mas não, fomos para além da minha espectativa. Lá avistámos os rotativos das lanchas da Polícia Marítima que estavam a escoltar o veleiro, e aproximámo-nos do amarelinho Team Brunel. O skipper Bouwe Bekking lá nos acenou, assim como a tripulação, e de seguida concentrou-se no mais importante: o leme. Isto para garantir o primeiro lugar na chegada a Lisboa. Não podia cometer erros ali quase a chegar. Nesta Leg que ligou New Port nos EUA a Lisboa, os veleiros chegaram quase todos juntos, entre o Team Brunel e o Team SCA (o último a chegar foi uma questão de cinco ou seis horas).

Continuamos a acompanhar o veleiro holandês até às boias de chegada, que já transpôs de madrugada. O Sol já estava a querer subir na zona oriente do Rio Tejo, para lá do Montijo.

De seguida íamos ao mar sempre que estávamos perto da chegada de veleiros, algumas vezes nem saíamos do semirrígido, pois o seguinte estava próximo e não fazia sentido voltar a terra.

Foi o caso do MAFRE que chegou em segundo lugar e logo de seguida uma luta renhida pelo terceiro e quarto lugar em que o Dongfeng conseguiu cruzar a linha de meta primeiro que o Alvimedica.

O Abu Dhabi chegou isolado, e por último a equipa 100% feminina Team SCA, que tiveram algum tempo paradas junto ao forte de S. Julião da Barra à espera que o vento decidisse colaborar. Ainda trocamos umas palavras com elas, se queriam pequeno-almoço, entretanto o vento levantou e proporcionou-lhes cruzar a linha de chegada.

Segue-se a conferência de imprensa com todos os skippers com perguntas relativas a esta Leg que os trouxe dos EUA a Portugal.

Perto das 13h00 regressei a casa, como se fosse quase meia-noite. Esse dia estava preenchido. Estava com “jet lag”. Não estou habituado a estas mudanças de horários de sono tão bruscas. 

Nessa mesma noite antes de chegar o Team Brunel, chegou de Itália o Team Vestas, que tinha sofrido um aparatoso acidente no Índico em Novembro, e em quatro meses conseguiram reconstruir o veleiro a tempo de fazer a prova de Lisboa e continuar a Circum-navegação. Este veleiro saiu de um porta-contentores em Sines, e o camião que o transportou veio escoltado dado que as suas dimensões nem sequer dava para passar nos pórticos da autoestrada. Foi o primeiro a ser colocado na água para treinos, tendo em conta que a equipa estava parada há alguns meses.

Continuaram as actividades lúdicas e culturais, os veleiros foram sujeitos à manutenção que o Boatyard e as equipas lhes deram, e tudo preparado para a In-Port-Race e a Largada.

A In-Port-Race não deu para ir fotografar através do rio, o meu colega de equipa fez essa cobertura. No dia seguinte senti a emoção de entrar de novo num semirrígido para fotografar estes veleiros em acção e despedida, com um até breve a Lisboa.

O até breve realmente foi muito mais curto que aquilo que eu pensava. Esperava um novo Stopover em 2018 no regresso à Europa da volta ao mundo, mas a organização decidiu fazer essa paragem em Lisboa logo na Leg 1 assim que largam de Alicante. 

Galerias de Fotos:

Volvo Ocean Race:
25/05 - Cerimónia de Inauguração
25/05 - Village
26/05 - Estaleiro e Village
27/05 - Chegada dos Veleiros
29/05 - Visita guiada ao The Boatyard, Doca Seca, e actividades
07/06 - Largada da Leg 8 - Doca e Saída da Doca
07/06 - Largada da Leg 8 - Dentro do campo de regata
07/06 - Largada da Leg 8 - Para além do campo de regata

Actividades paralelas (Performance):
30/05 - Gibbon Slacklines Portugal
30/05 - Freestyle Motocross - Dany Torres e Miguel Espada

Actividades culturais:
25/05 - Concerto da Banda da Armada
25/05 - Fogo de Artifício
29/05 - Concerto de Custódio Castelo Trio
29/05 - Concerto da Carminho
30/05 - Concerto de Miguel Araújo
30/05 - The Bold and The Brave - DJ's

Parry Spotter

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