sexta-feira, 9 de junho de 2017

Parte 2 - Peregrinação do Papa Francisco a Fátima

Este é um ponto interessante relativamente à mudança da minha opinião sobre a decisão do Papa Francisco acerca dos moldes da sua vinda a Portugal.

De início quando ele disse que queria ir a Fátima como peregrino, e não como chefe de estado com agenda e actividades de proximidade dos fiéis, entidades do estado e afins à semelhança dos seus antecessores não gostei. O primeiro impacto foi de querer vir a Fátima “toca e foge” e deixar os fiéis católicos portugueses sem contacto com ele pelo menos em mais uma cidade ou outra. Não é bonito não querer estar com o povo, “as suas ovelhas” no sentido religioso da expressão.

Comecei a reflectir melhor sobre o assunto, e atingi o que realmente o Papa queria fazer. Ele queria vir peregrinar a Fátima e não dispersar-se com o protocolo de estado e visitas a mais locais, ou seja, queria vir e concentrar-se nos 100 Anos das Aparições sem ter factores que o distraíssem disso. É óbvio que o contacto com o povo fica penalizado, mas no sentido religioso até fez sentido. Para minha comodidade é óbvio que é mais confortável estar com ele em Lisboa, mas em Fátima a espiritualidade é muito mais intensa, ainda por cima, entre a decisão dos pormenores da viagem do Santo Padre (Outubro de 2016) e a conclusão do processo de canonização dos Pastorinhos e a reunião com os cardeais (consistório de 20 de Abril de 2017) para decidir a data e o local da canonização houve uma distância temporal grande. E agora ainda fez mais sentido termos um peregrino em vez de um chefe de estado.

Mesmo assim o Papa Francisco teve uma proximidade com o povo desde que aterrou na Base Aérea nº 5 em Monte Real, na recepção feita pelos militares e civis presentes no momento, na capela onde esteve recolhido e deu espaço ao acolhimento de alguns doentes, a breve conversa com o Presidente da República. A curiosidade de o seu Helicóptero ter sobrevoado por duas ou três vezes o Santuário antes de aterrar no estádio de Fátima. Aqui teve de percepção da densidade de pessoas que o esperam a ele e às cerimónias que se avizinhavam. Após aterrar, percorre as ruas de Papamóvel, entra no Santuário e dirige-se à capela das aparições esteve sempre com um sorriso e um aceno para o povo, o carinho que ele transmite tanto a fiéis como a não seguidores da religião, ele não fica indiferente a ninguém.

(Helicóptero que transporta o Papa Francisco a sobrevoar o recinto)
(Chegada do Papa ao Santuário)
Nesse momento começa em concreto a etapa de proximidade de peregrino no Santuário Mariano, muito concentrado na oração, a oferta da flor de ouro a Nossa Senhora. Ao longo do seu momento de oração o Santuário esteve em profundo silêncio para se unir ao Papa Francisco com o mesmo propósito. Depois desse momento foi a sua retirada do santuário para o seu alojamento.

(Momento de oração privada)
(Oração a Nossa Senhora)
(Oração a Nossa Senhora)
(Momento de Reflexão)
(Saída do Santuário para recolhimento)
De noite, na bênção das velas, quebra o protocolo ao sair do Papamóvel na descida do Santuário para estar próximo das pessoas e desloca-se a pé até à Capelinha das Aparições.

Vem outro momento de peregrino puro, de novo o início da sua oração pessoal em silêncio e de seguida muito concentrado na bênção das velas. Passa a Luz do Círio Pascal para a sua vela, acende a de D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima e a Luz espalha-se. Ao longo da recitação do terço do rosário, a sua compenetração na oração foi notória.

(Momento de Reflexão pessoal)
(Acender da Vela no Círio Pascal)
(Luz das velas no Santuário)
(Luz das velas no Santuário)
(Luz das velas no Santuário)
(Luz das velas no Santuário)
Mesmo sem ser visita de estado, estiveram presentes na peregrinação do Santo Padre, o Presidente da República, o Primeiro - Ministro entre outras individualidades, alguns são crentes outros provavelmente não, mas quiseram estar aqui a acompanhar o Papa Francisco.

(Presidente da República e Primeiro Ministro acompanhados na procissão das velas)
(Presidente da República e Primeiro Ministro acompanhados na procissão das velas)
Notou-se o seu cansaço ao fim da cerimónia da noite. Quando se retirou seguiu no banco da frente do Papamóvel.

No dia 13, após a visita à Basílica principal, esteve junto dos túmulos dos Pastorinhos S. Francisco e Sta. Jacinta, iniciou a celebração a qual teve o momento da canonização dos dois irmãos de tenra idade que deram testemunho ao mundo da mensagem da “Senhora mais brilhante que o Sol”.

(Início da Celebração)
(Homilia)
Concentrando-me de novo na parte de peregrino de Fátima, o Santo Padre, já na parte final da celebração, e após a bênção dos doentes (parte que Fátima tem sempre uma atenção especial nas suas celebrações) vem a Bênção final. À semelhança dos fiéis que encheram o Santuário e ruas adjacentes, acenou ao cortejo do andor da imagem de Nª Senhora de Fátima, com o seu lenço, assim como o clero que estava junto dele. Participou activamente no célebre “Adeus à virgem” como um peregrino.


(Palavra aos doentes, seguindo-se a bênção)
(Bênção final da celebração)


(Adeus à virgem)
(Adeus à virgem)
O Papa Francisco conclui assim a celebração e mais uma vez, este peregrino de Fátima faz questão de passar na sua viatura perto dos outros peregrinos que com ele estiveram em Fátima, nos 100 anos das Aparições de Nª Senhora aos pastorinhos. Estima-se que dentro do Santuário estivesse um milhão de peregrinos.

(Passagem do Papa Francisco junto aos peregrinos)
(Passagem do Papa Francisco junto aos peregrinos)
(Passagem do Papa Francisco junto aos peregrinos)
O Papa Francisco não terminou por aqui a sua passagem por Fátima. Já no Vaticano, a 22 de Maio, envia uma carta a D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal Portuguesa como nota de agradecimento, escreve também um agradecimento ao Bispo de Leiria-Fátima (D. António Marto), ao Presidente da CM Ourém assim como ao Comandante da Base Aérea Nº 5 de Monte Real.

Transcrição da Carta a D. Manuel Clemente:

«Venerado Irmão

D. MANUEL CLEMENTE

Cardeal Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

De volta a casa depois da minha peregrinação ao Santuário de Fátima, desejo renovar a si, aos outros bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos a expressão do meu grato apreço pelo cuidado pastoral e espiritual com que as diversas dioceses se prepararam e estão a viver o centenário das Aparições de Fátima, nomeadamente com a visita da Virgem Peregrina a tudo quanto era cidade e aldeia desse abençoado Portugal, donde agora vieram pessoas sem conta «ver» a Mãe do Céu.

Vi um povo ordeiro e entusiasta, crente e sem respeitos humanos, no roteiro que me levou de Monte Real até Fátima e vice-versa; e, no Santuário de Nossa Senhora, comoveu-me a solidez da fé, a indómita esperança e a ardente caridade que anima o caminho humano e cristão daquele povo santo fiel de Deus, com destaque para o silêncio de um milhão de peregrinos unidos ao meu silêncio orante, o mar de luz feito por um milhão de velas acesas na noite de vigília, a ovação elevada por dois milhões de mãos aos novos Santos Francisco e Jacinta e o acenar de lenços brancos à Branca Senhora por um milhão de corações felizes: Mãe, nunca Vos esqueceremos!

Asseguro a minha oração pela Igreja de Portugal para que continue a caminhar com perseverança e coragem, testemunhando a todos o amor misericordioso do Pai do Céu. E vós todos... rezai também por mim, que de coração vos abençoo.

Fraternamente

Franciscus

Vaticano, 22 de maio de 2017.»

Todos os textos oficiais relativos a esta peregrinação de 12 e 13 de Maio estarão disponíveis brevemente no tópico da "Parte 4 - A minha vivência".

Para aceder à reportagem fotográfica completa pode fazê-lo através dos links dos respectivos dias:
Dia 12
Dia 13

Até breve com o texto sobre a Canonização dos Pastorinhos.

Parry Spotter                  

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